- 15-20% (!!) das gestações diagnosticadas terminam em abortamento. Mas se incluíssemos as não-diagnosticadas, esse percentual seria ainda maior.
- No estudo dos abortamentos, iremos classificá-los com o intuito de orientar nossa conduta.
Conceito
- Toda mulher na menacme que se apresenta com dor pélvica e/ou sangramento vaginal deve ter o abortamento como parte do diagnóstico diferencial. É um dos diagnósticos possíveis da síndrome do "sangramento na primeira metade da gestação".
- O quadro vai desde leve e autolimitado (abortamento completo, por exemplo) a grave, com sepse e choque hipovolêmico/séptico.
- Ameaça: feto vivo + colo fechado + sangramento uterino. 11% de chance de evoluir pra abortamento espontâneo, 22% se sangramento for intenso. A conduta é expectante, mesmo em casos de hematoma retroplacentário ou sangramento importante, desde que não haja instabilidade hemodinâmica. Não há conduta médica que possa alterar a evolução natural deste processo (antibioticoprofilaxia, repouso, progesterona todos se mostraram inúteis). Deve-se contraindicar antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs), pois aumentam o risco de evolução para abortamento.
- Inevitável: momento que precede o abortamento incompleto. Há contrações uterinas e/ou perda de líquido e modificações plásticas do colo. O colo pode estar aberto ou fechado. Ainda não houve eliminação de tecido fetal ou placentário. Na ultrassonografia, pode ocorrer deformação e/ou alteração da posição do saco gestacional.
- Incompleto: expulsão de parte dos tecidos embrionários. Geralmente é diagnosticado pela USG, que demonstra restos placentários.
- Completo: expulsão total dos produtos da concepção. Sangramento mínimo ou ausente + colo fechado + ausência de dor. A conduta depende da espessura endometrial na USG, sendo que menor ou igual a 15mm indica conduta expectante.
- Infectado/Séptico: é caracterizado pela infecção ovular (infectado) ou pela septicemia materna (séptico). Trata-se na verdade de uma complicação de qualquer tipo de abortamento.
- Abortamento retido: retenção do feto morto dentro do útero, sem a eliminação de qualquer parte fetal ou placentária. O conceito clássico que engloba este termo é o feto retido por 8 semanas ou mais. Porém, após o advento da ultrassonografia, raramente ocorre um feto morto retido por tanto tempo. Os termos mais utilizados pelos ultrassonografistas, frente a um feto morto, portanto, são "gestação interrompida", "morte embrionária", ou "morte fetal", pois é incomum esperar oito semanas para tomar alguma conduta. Existe a possibilidade de complicar com CIVD, mas é um evento raro nos dias de hoje, a menos que o feto morto fique retido por cinco ou mais semanas.
- Gestação Anembrionada: ausência de vesícula vitelínica (5 semanas) ou de embrião no interior do saco gestacional (7 semanas) na USG.
Conduta
Estude cuidadosamente os fluxogramas a seguir, do livro Rotinas em Ginecologia (Freitas et al, 2006)
Diagnóstico e Conduta Inicial
Conduta no abortamento não-infectado
Conduta no Abortamento Infectado
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